terça-feira, julho 25, 2006

Tamera

Depois de um fim-de-semana entusiasmante em Tamera, sinto vontade de destacar alguns pontos das minhas leitura de Dieter Duhm e sua interligação com a dança da vida... através de algumas frases:

"A ideia básica da cura é decorrente do conceito de que todos os seres vivos estão interligados. Não existem estruturas isoladas. Há uma correlação entre todos os seres. Toda a existência é comunitária. Assim, a cura não consiste num processo isolado, mas em algo que se desenrola na sua relação com os outros. A cura duma pessoa processa-se na sua relação com o seu próximo, bem como com os animais, plantas, Natureza e criação."

Gostei desta ideia pois torna mais abrangente o conceito de Cura. A ideia de que a Cura se processa através da relação com o outro, com a Natureza e com todo o sistema vivo, cativa-me :-)
A Cura deixa de ser um processo isolado para se integrar num processo relacional mais amplo. Gostei :-)

E prosseguindo a viagem através dos textos de Dieter Duhm...

"O meio da cura mais profunda - biológica e espiritual - é a confiança. O holograma do medo tem que ser substituído, até ao âmago, pelo holograma da confiança. Quando este ponto de viragem tiver sido atingido, surgirá em todas as relações a nova informação, capaz de gerar o novo campo de forças."

E a seguir uma frase que adorei ler pois vai de encontro ao movimento integrador que a educação biocêntrica também propõe:

"O que é decisivo para o sucesso de projectos de paz, não são o tamanho e a sua força (em comparação com os aparelhos de força existentes), mas sim quão abrangentes e complexos eles são, quantos elementos da vida juntam e unem em si de boa forma. Na criação de campos de evolução não vale a 'lei do mais forte' mas sim o 'sucesso do mais abrangente'. Caso contrário nenhum novo desenvolvimento poderia ter-se imposto, pois todos eles começaram pequenos e de pouca aparência."

Senti empatia com esta noção sobre a abrangência dos processos. Quanto mais abrangentes, mais ricos, mais diversificados, mais integradores, mais expansivos... mais evolutivos se tornam.

"Se num organismo é inserida uma informação que seja suficientemente complexa, importante e compatível com o Todo, então esta informação tem um efeito em todas as células. Se uma informação que seja importante para uma convivência não-violenta de todos os seres for inserida no corpo de informações da Terra, então a camada mental/espiritual da Terra (a Noosfera) entra num 'estado estimulado'; a informação inserida tem, latentemente, um efeito sobre todos os seres. Se a informação for inserida em Biótopos de Cura realmente existentes, então surge um campo global que aumenta a probabilidade do surgimento de formas vitais parecidas em muitos sítios da Terra."

Faz-me lembrar aquela história de uma tribo de macacos que começam descobrindo uma nova técnica de alimentação (que bem poderia ser uma nova forma de estar e viver) na ilha onde habitam... e, depois, em outra ilha muy distante, uma raça semelhante de macacos começa evoluindo no mesmo sentido...

Noções bem giras e estimulantes ;-)
A ideia de que um pequeno sopro vital e rejuvenescedor da humanidade possa ter efeitos estimulantes sobre o Todo, é realmente entusiasmante :-)
Ora Viva :-)

segunda-feira, julho 24, 2006

Cooperar, Confiar, Integrar

Cooperar

Mais do que valorizar minhas crenças e ideias num diálogo, e insistir em lhes acreditar valor e em dar-lhes razão ou verdade; mais do que isso, importa sim Cooperar com quem dialogamos no sentido de estabelecermos um caminho conjunto, em que ambos nos sentimos participativos e integrados.

Assim, mais importante do que obter aceitação para minhas crenças, é conseguir ajustá-las e adaptá-las a uma comunicação partilhada com o outro (ou com um grupo). E abrir-me também à possibilidade de perguntar, de questionar o outro, de sentir suas verdadeiras necessidades, para deste modo poder cooperar.

No fundo, surgem duas hipóteses: ficar "aferrados" em nossas crenças insistindo em afirmá-las no mundo (mesmo que o "feedback" seja inexistente) ou tentar avançar junto com o outro e com o grupo através de uma comunicação que se constrói pelas perguntas e pelo feedback de retorno às mesmas.

Confiar

Perante uma comunicação assente em crenças profundas e na necessidade de convencer os outros da verdade dessas crenças... perante uma comunicação invasiva, muito direccionada e rectilínea, contraponho o diálogo baseado na cooperação com as reais necessidades do outro. Deste modo se equilibra o sistema. Passo de uma voz dirigida, afirmante, crente, recta, e focalizada no controle do meio envolvente (à luz das crenças, ou seja, da forma peculiar como percepciono e interpreto a realidade), para uma voz baseada nas necessidades do outro e do meio envolvente (incluindo também nossas próprias necessidades). Uma voz dialogante, compartilhada, participativa e atenta, sabendo pulsar simultaneamente na expressão e na escuta... uma voz que se enriquece pelo diálogo em feedback e que sabe confiar na Vida.

E Confiar na Vida significa também transcender um pouco a tentação de dizer aos outros como devem agir (e ser invasivo de seu espaço próprio), buscando antes perceber suas necessidades e ver o que posso fazer para supri-las, sem com isso direccionar de algum modo suas acções ou experiências. É importante que as pessoas possam viver todas essas experiências de forma livre e não direccionada, pois este é o caminho de uma aprendizagem real, construtiva e integrada. Para isso, preciso primeiro abdicar da necessidade de controlar, para aprender a confiar na Vida.

Ao centrar-me no diálogo em feedback, participativo e diversificado, ao centrar-me nas necessidades do meio e ao aprender a cooperar e a confiar (sem pretensões de controlar e direccionar insistentemente os processos), transcendo-me de um processo auto-centrado para um processo centrado no meio e na Vida.

Integrar

Em diálogos de grupo, é salutar que o mesmo não fique monopolizado em duas ou três pessoas, no fundo, em apenas uma parte do Grupo. É essencial todo o grupo participar, sentir a voz de todas as pessoas, agregar o valor e a informação das mais diversas fontes. Sentir a pulsação de todos e do grupo.

Se, por exemplo, duas pessoas entram numa conversa a dois (de certo modo competitiva) é bom saber parar a conversa e avançar no sentido de escutar as outras pessoas. Caso contrário, é como se pusessemos todo o peso numa das pontas de um barco, correndo assim o risco de desequilibrar-se. A distribuição equalitária desse peso, garante uma boa navegação.
No fundo, todos têm direito à palavra. E a palavra de cada um reforça a comunicação e a informação que circula por todo o Grupo. Quanto mais diversificada, mais poder e energia se gera no Grupo.
E é também salutar que essas palavras se enfoquem no "Eu Sinto que" ou na experiência própria. Palavras que que correspondam à expressão de um sentimento verdadeiro e sincero. Palavras simples, sintéticas e coerentes com o que se sente.

sexta-feira, julho 21, 2006

A Vida Cuida

A Vida sabe cuidar
Porque a Vida pulsa em tudo quanto existe
Por isso Confio Nela!

No ar, na terra, nas folhas, nos ramos, no tronco, na casca, no céu, no poste de electricidade, no automóvel, no eléctrico, nas pessoas, nos cabelos, nos reclames de propaganda, nas palavras, nos sons... em tudo quando existe!
Por isso Confio Nela!

quarta-feira, julho 19, 2006

As Ilhas Canárias

"Antes da chegada dos europeus, as Canárias eram habitadas pelos Guanches, povo misterioso de pessoas esbeltas e loiras, pacíficas e amantes da liberdade, que viviam do pastoreio."

in Diário de Notícias, 19.Julho.2006

Fanatismo

Ainda me deliciando e me envolvendo com a doçura e beleza da pulsação, me atrevi hoje a reflectir sobre o fanatismo ideológico e sua conexão com a pulsação da vida.

Reflecti que o fanatismo representa uma forma de entropia ou de entupimento no fluxo contínuo e dinâmico da vida. Significa que parámos nosso batimento cardíaco num só dos lados e ficamos ali tentando convencer todo um organismo que é daquele lado que o coração deve bater.

Mas a vida se faz de pulsação, ela se regenera e revigora por processos de pulsação, de respiração.
Por isso, saber entrar nesse ritmo cósmico de pulsação, é compreender a necessidade de pulsar em vários prismas ou lados da vida, sem ficarmos estanques em um só lado. No fundo, reconhecer que tudo na vida tem um pouco dessa verdade cósmica mas, simultaneamente, não pode abarcar toda a verdade (não é a verdade absoluta). A verdade é infinita e grandiosa demais para poder ser contida num só conceito, numa só imagem... ela abarca múltiplos pontos por onde fluí a vida.

Assim, quando entramos em sintonia com esse ritmo de pulsação cósmica da vida, sabemos beber daqui, beber dali, sentir aqui, sentir acolá, e integrar aquilo que nos nutre e está em empatia conosco.

Beijão Grande :-)

segunda-feira, julho 17, 2006

Reflexões

Vitalidade

Vitalidade não significa euforia ou estado permanente de exaltação.
Significa saber pulsar na actividade e no repouso.
Significa prontidão e disponibilidade para actuar quando é necessário, mas também conhecer nossos próprios limites para nos auto-regularmos e sabermos abrandar após momentos de intensa actividade.

Sexualidade

A energia sexual pode ser um caminho, um motor de abertura do amor livre, da afectividade e da ternura.
O coração se enche e se ilumina.
Esse fluxo de energia sexual pelo organismo, como que o regenera e revitaliza.
E quanto maior a paixão, o sentimento, o fogo, maior a potência que esse energia transmite, actuando como desbloqueante.

Pulsação

Saber pulsar nos vários lados que a vida nos mostra.
Saber pulsar no apego, na paixão, no fogo sexual, no desejo... mas também saber pulsar na criação de novas oportunidades de vida, na atenção para com outros fócus de vida, especialmente quando a vida nos mostra que a paixão inicial não está tendo mais o "feedback" de outrora.
Por exemplo, face à indisponibilidade do outro para viver essa paixão, é salutar saber contornar a situação, erguer o peito, olhar em frente e buscar novas oportunidades de vida. A vida está repleta de oportunidades e de pessoas com quem podemos estar e disfrutar.

A Vida, toda ela, é feita de múltiplas pulsações... a noite, o dia... a lua cheia, a lua nova... o quarto crescente, o quarto minguante... as marés... os ciclos de nascimento e morte... a semeadura, a colheira... inspirar, expirar... a paixão desejosa por alguém, o amor indiferenciado... o estar mais junto, o estar mais longe... na vida tudo se move numa dinâmica, pulsando ora num estado, ora noutro... dificilmente algo consegue permanecer sempre num mesmo estado de forma saudável e nutritiva à Vida... a Vida se regenera através de uma Pulsação.

Clarificar

É muito salutar podermos conversar, expressar nossos sentimentos, entrar em intimidade com o outro, no sentido de clarificar o que podemos dar à relação e o que podemos receber da relação. Sabemos então muito clara e transparentemente com o que podemos contar. Gera-se a confiança e abrem-se as portas para uma entrega profunda.

Indisponibilidade

Amar é também saber respeitar e compreender a indisponibilidade do outro ou, dito de outra forma, saber aceitar aquilo que ele pode dar à relação. É saber dar tempo, dar espaço ao outro. Mas também saber expressar seu desejo e sentimentos por ele. Como que numa pulsação simultanemanente nutritiva para ambos: ora com mais espaço (ar), ora mais próximos (fogo).

B'jocas

sexta-feira, julho 14, 2006

A Arte de Escolher :-)

Em tempos li num livro chamado "Apesar do Medo" (da Barbara Kingsolver) onde falava que qualquer escolha nem é boa, nem é má, mas simplesmente mais uma experiência de vida que tem algo para nos mostrar, no fundo, que tem sempre algo com que possamos aprender. Enfim, é uma visão interessante e soretudo muito optimista :-)
E sobretudo óptima para limpar os sentimentos de culpas que poderão nascer em função daquilo que classificamos e apelidamos de "más escolhas" :-)

Mas, ainda assim, e apesar disso, a escolha se torna algo relevante para conseguirmos recriar a nossa vida em função do que desejamos que aconteça nela. No fundo, o que acontece em nossa vida e a forma como ela se estrutura, é muito em função das nossas escolhas.
Por isso, saber escolher é fundamental :-)

O que me leva hoje a escrever sobre a escolha, foi o facto de ontem ter falado sobre ela na nossa roda de partilha do grupo regular de biodanza, onde referi que as pessoas quando são escolhidas para fazer um exercício de dança a dois (por exemplo), tendem geralmente a aceitar o convite que , mesmo que o desejo delas seja dançar com outra pessoa. Todavia, num grupo de aprofundamento, é natural que haja mais tendência, quer para a pessoa que é convidada assumir seu desejo de realizar o exercício com outra pessoa, quer para haver mais selectividade e progressividade na escolha. Enfim, esta é pelo menos a forma como eu vejo as coisas, com todos os riscos que as generalizações implicam (sempre subjectivas e limitadoras).

E é este ponto que queria hoje enfatizar: o da progressividade na escolha. Para mim, saber caminhar no sentido de uma escolha progressiva, é saber respeitar o outro, é dar espaço para o "outro respirar", para manifestar seu "feedback" e, em função dele, podermos ajustar nosso movimento. Se a escolha é feita de "rompante", não há espaço à "percepção do feedback" e a possíveis ajustamentos em face desse "feedback".

Assim, vejo como uma forma muito afectiva de escolha, o podermos olhar o companheiro, avançar gradualmente na sua direcção e sentirmos continuamente a resposta dele ao nosso convite. E, caso ele se mostre indisponível, saber compreender (respeitar e, diria mais, louvar sua escolha, sua decisão, pela coragem em assumir aquilo que realmente deseja na vida, naquele momento presente, no aqui e agora), mas também saber partir rumo a um novo convite, a uma nova solicitação, entrando de novo em "feedback" com outra oportunidade de vida :-)

BioBeijocas
Pedro