quinta-feira, maio 10, 2007

Novas reflexões

Ainda no decurso da recente visita a Tamera e, também, na sequência de almoços animados, novas reflexões surgiram e que gostaria de partilhar convosco:

a) Novamente a tal pulsação entre uma visão "micro" e uma visão "macro"...

A visão "micro" como que concretizando, como que realizando uma inspiração "macro".
Por vezes, ficamos tempo demais em visões "micro" e tendemos a entrar numa obcessão pela realização de algo... gera-se uma certa rigidez (que impede uma adaptação aos tempos actuais de mudanças rápidas)... fica-se quase como os politicos obcessecados pelo poder, por convencer, por ter razão... fica-se geralmente no mundo da razão. O querer ter razão, o querer impor uma forma específica de olhar para a realidade, a insistência em ver o mundo sempre da mesma forma. A tal ponto que pode dificultar o diálogo com outras pessoas, especialmente quando nos trazem outros pontos de vista sobre a mesma realidade.
Fico agora a reflectir no seguinte... a visão "micro" concretiza através do pensamento, da acção, do falar... a visão "macro" pulsa mais do lado do escutar o outro e do sentir... para se progredir em grupo, a pulsação entre "micro" e "macro" é sublime.

Assim, quando há uma imersão excessiva no mundo "micro" é salutar sairmos um pouco dele para nos abrirmos mais às inspirações de amplitude "macro" como, por exemplo, sentir, escutar, contemplar...

E o inverso também se aplica, ou seja, permanecer demasiado tempo em visões "macro" pode conduzir a vivermos num mundo imaginário, idílico, sem concretude.

Este tema faz-me também lembrar uma pulsação entre "céu" e "terra" importantes no equilibrio.
Ou, visto de outra forma, um equilíbrio "ying" e "yang".

b) Será necessária uma comunidade auto-sustentável a 100%?

Ao ponderar sobre esta questão quando estava em Tamera cheguei à conclusão (à visão "micro") que é importante a comunidade não ser sustentável a 100% pois isso garante que há "pontos de contacto" entre a comunidade e o exterior. Se formos 100% auto-sustentáveis podemos cair na utopia de não precisar de nada do "exterior" e cairmos no mito do isolamento, da "separação" do que nos rodeia. Entra-se numa dualidade profunda oriunda da separação extrema entre "eu" (a comunidade auto-sustentável) e o "exterior".

Por isso mesmo, olho com bastante interesse para a manutenção de laços de troca entre a comunidade e a economia local. Eles são indispensáveis à propagação da vida, à difusão de novas informações entre as "partes do todo" que é indispensável ao crescimento, à evolução dos sistema (visto no seu "conjunto", ao invés de nos focarmos apenas em uma parte).
Estes laços de troca podem também contribuir para maximizar os "pontos de contacto" entre os diferentes sub-sistemas e gerar assim uma potenciação do processo evolutivo (tal como a May East referiu).

Enfim, foi mais uma partilha que hoje me surgiu após o almoço com o David.

Um Abraço,
Pedro