segunda-feira, julho 24, 2006

Cooperar, Confiar, Integrar

Cooperar

Mais do que valorizar minhas crenças e ideias num diálogo, e insistir em lhes acreditar valor e em dar-lhes razão ou verdade; mais do que isso, importa sim Cooperar com quem dialogamos no sentido de estabelecermos um caminho conjunto, em que ambos nos sentimos participativos e integrados.

Assim, mais importante do que obter aceitação para minhas crenças, é conseguir ajustá-las e adaptá-las a uma comunicação partilhada com o outro (ou com um grupo). E abrir-me também à possibilidade de perguntar, de questionar o outro, de sentir suas verdadeiras necessidades, para deste modo poder cooperar.

No fundo, surgem duas hipóteses: ficar "aferrados" em nossas crenças insistindo em afirmá-las no mundo (mesmo que o "feedback" seja inexistente) ou tentar avançar junto com o outro e com o grupo através de uma comunicação que se constrói pelas perguntas e pelo feedback de retorno às mesmas.

Confiar

Perante uma comunicação assente em crenças profundas e na necessidade de convencer os outros da verdade dessas crenças... perante uma comunicação invasiva, muito direccionada e rectilínea, contraponho o diálogo baseado na cooperação com as reais necessidades do outro. Deste modo se equilibra o sistema. Passo de uma voz dirigida, afirmante, crente, recta, e focalizada no controle do meio envolvente (à luz das crenças, ou seja, da forma peculiar como percepciono e interpreto a realidade), para uma voz baseada nas necessidades do outro e do meio envolvente (incluindo também nossas próprias necessidades). Uma voz dialogante, compartilhada, participativa e atenta, sabendo pulsar simultaneamente na expressão e na escuta... uma voz que se enriquece pelo diálogo em feedback e que sabe confiar na Vida.

E Confiar na Vida significa também transcender um pouco a tentação de dizer aos outros como devem agir (e ser invasivo de seu espaço próprio), buscando antes perceber suas necessidades e ver o que posso fazer para supri-las, sem com isso direccionar de algum modo suas acções ou experiências. É importante que as pessoas possam viver todas essas experiências de forma livre e não direccionada, pois este é o caminho de uma aprendizagem real, construtiva e integrada. Para isso, preciso primeiro abdicar da necessidade de controlar, para aprender a confiar na Vida.

Ao centrar-me no diálogo em feedback, participativo e diversificado, ao centrar-me nas necessidades do meio e ao aprender a cooperar e a confiar (sem pretensões de controlar e direccionar insistentemente os processos), transcendo-me de um processo auto-centrado para um processo centrado no meio e na Vida.

Integrar

Em diálogos de grupo, é salutar que o mesmo não fique monopolizado em duas ou três pessoas, no fundo, em apenas uma parte do Grupo. É essencial todo o grupo participar, sentir a voz de todas as pessoas, agregar o valor e a informação das mais diversas fontes. Sentir a pulsação de todos e do grupo.

Se, por exemplo, duas pessoas entram numa conversa a dois (de certo modo competitiva) é bom saber parar a conversa e avançar no sentido de escutar as outras pessoas. Caso contrário, é como se pusessemos todo o peso numa das pontas de um barco, correndo assim o risco de desequilibrar-se. A distribuição equalitária desse peso, garante uma boa navegação.
No fundo, todos têm direito à palavra. E a palavra de cada um reforça a comunicação e a informação que circula por todo o Grupo. Quanto mais diversificada, mais poder e energia se gera no Grupo.
E é também salutar que essas palavras se enfoquem no "Eu Sinto que" ou na experiência própria. Palavras que que correspondam à expressão de um sentimento verdadeiro e sincero. Palavras simples, sintéticas e coerentes com o que se sente.