Expressar

Me consciencializo hoje da necessidade de expressar o que sinto sem qualquer pretensão que não seja o simples e puro expressar, no sentido de clarificar, comunicar, interagir, intercambiar. Esta troca de informação pura é o ponto de partida para que o movimento da vida se faça, para que avançe e progrida, de forma fluída e evolutiva. É um movimento que gera crescimento e expansão da vida.

Noto, por vezes, que quando uso o que sinto, não apenas para expressar, mas também para tentar direccionar o comportamento dos outros, começo a interferir de modo abusivo na ordem natural das coisas, e nesse ritmo progressivo que faz parte da vida pulsante que nos une a todos.

Há um tempo certo, ritmado, pulsante que vibra através dos nossos corações.
A expressão dessas vibrações que ecoam em nossos corações, se faz muito pela expressão do que sentimos, mas de forma pura e desinteressada. É como que fazer vibrar uma certa nota, como que irradiar um certo tom, simplesmente isso. E, depois, ficar à escuta, ficar atento à forma como essa nota ecoa no meio envolvente. Se houver ressonância, se houver "feedback", então nosso movimento encontrou pontos de contacto com o meio. Partimos então para o movimento de irradiar outra nota, outro som, agora algo mais pulsante, algo mais intenso e, uma vez mais, esperar pela resposta do meio envolvente.

Através desta pulsação de, ora expressar uma nota, ora saber esperar pelo resultado, vamos caminhando pelos trilhos da experimentação e da aprendizagem que a vida nos elucida. Neste processo, vamos aprendendo a ecoar de forma cada vez mais ressonante a nossa nota intíma, vamos aprendendo a gerir o movimento de forma integrada conosco, com o outro e com o todo cósmico.

É um movimento infinito de contínua aprendizagem, ora pulsando na experiência activa, ora pulsando na pausa para assimilar e integrar o eco que essa acção desencadeia em mim, no outro e no ambiente em redor.
E um simples movimento pode desencadear uma série de informações importantes para o nosso crescimento e para o daqueles que interagem directa ou indirectamente com esse movimento. E esse movimento é tanto mais evolutivo quanto soubermos integrar e assimilar toda a informação que nos chega fruto desse passo experimental inicial.

Todavia, sem esse passo inicial, não surge o movimento, nem toda a informação que ele gera e que facilita o nosso crescimento (caso soubermos pausar para reflectir e integrar toda essa informação). E, sem os passos subsequentes que dão continuidade ao movimento inicial e em "feedback" com a informação de retorno gerada pelo meio que nos envolve, também fica difícil expandir e ampliar todo o potencial que esse simples passo inicial pode desencadear.
Vejo hoje como essencial ter a ousadia e a coragem de arriscar, de experimentar, de ir mais além, pois só assim saberemos mais acerca de nós próprios, dos outros e da vida em geral.

Mas, pelo caminho da experiência, estamos continuinamente a aprender através de nossos movimentos. Haverá movimentos que desencadeiam reciprocidade e ressonância no meio envolvente e que amplificam a potência desse eco inicial. Mas haverá também movimentos que não encontrarão resposta no meio. Quer uns, quer outros, são importantes em nosso crescimento. Assim, não há motivo para nos sentirmos rejeitados ou culpados se nosso movimento inicial não tiver "feedback". Foi mais uma aprendizagem que fizemos, e o importante e nutritivo é compreender o resultado, aceitá-lo e avançar noutra direcção. Ficar insistindo no sucesso desse movimento sem "feedback" poderá ser até muito desgastador para nós próprios e para o meio envolvente, com a consequente perda de energia.
Outras oportunidades surgirão que estarão mais abertas a receber e a interagir com nosso movimento. O mundo é amplo e rico de oportunidades. Resta-nos avançar e caminhar de encontro a elas, com nosso movimento pleno de sentido, de energia, de pureza e originalidade. E avançar continuamente, num trilho sem fim, buscando aprofundar a relação com os pontos de ressonância com nosso movimento e assim amplificar toda a potência desse movimento na maravilhosa rede humana deste magnífico Planeta Terra.

Beijocas,
Pedro