sexta-feira, janeiro 20, 2006

Acção biológica da Biodanza

"Um dos mecanismos de acção biológica da Biodanza consiste em activar por meio de vivências específicas a produção de hormónios, por exemplo sexuais, supra-renais, tireóideos, que agem como factores de estimulação da expressão genética.

Outro mecanismo de acção ligado ao precedente consiste em activar a secreção de determinados neurotransmissores que facilitam, por sua vez, a expressão genética.

A experiência na Biodanza demonstrou que certos exercícios e certas situações de grupo activam as emoções cujo efeito de solicitação do sistema nervoso autónomo modifica o estado dos estímulos internos ao organismo e o consumo de energia. Seria possível extrapolar e dizer que certos estímulos proporcionados pela Biodanza têm o caracter de ecofactores positivos, capazes de estimular especificamente determinados neurotransmissores. Se esta hipótese for verdadeira, uma selecção de exercícios e de situações de grupo de Biodanza deverão facilitar a expressão de potencialidades genéticas específicas, as quais são frequentemente reprimidas pelos valores impostos pela cultura."

Do livro "Biodanza" de Rolando Toro

terça-feira, janeiro 17, 2006

Sim, também!

Sim, está OK, tudo bem, é também uma perspectiva, é também um ponto de vista, é também uma outra forma de sentir e viver. Porquê negá-la? Porquê rejeitá-la? É como É. É o que É. Talvez não tenha muito a haver comigo, talvez não seja a minha forma de sentir, mas não deixa de ser válida por isso. Há outras pessoas que a sentem como válida para si. Há outras pessoas que a vivem plenamente. É por isso uma forma de estar no mundo com sentido para essas pessoas.

Com isto quero dizer que, em vez de perdermos o tempo a desvalorizar, a denegrir o caminho e escolhas dos outros, em vez de gastarmos nossa energia a julgar e a maldizer o que não gostamos, seria muito melhor empregue se nos enfocássemos numa atitude construtiva e positiva. Atitude essa que passa por afirmar o que pretendemos, o que desejamos, com o que sonhamos, e por ter acções coerentes com essas aspirações. É o nosso caminho que valorizamos, que expressamos, e não mais nos detemos em "birras" e "quesílias" em relação ao caminho dos outros. Os outros são o que são, fazem o que fazem e, cumpre-me a mim, manifestar a minha forma peculiar de ser e de estar no mundo.

E quando meus desejos e aspirações são opostos aos do outro com quem me relaciono, é hora de reflectir, de pensar em conjunto, de olhar mais profundamente para o que cada um sente e pensa e, a partir daí, construir pontes de diálogo e consenso.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Do "Eu" ao "Eu-Tu"

Quando começamos a ficar atentos aos sinais que nossas acções despertam no outro, começamos a entrar numa nova fase de relacionamentos. Começamos a passar de uma relação baseada no "Eu" para o "Eu-Tu".

Por exemplo, quando estamos falando, estamos em permanente atenção a todos os sinais que o outro evidencia. Será que sua expressão facial já está mostrando desinteresse pela conversa? Será que seus músculos estão começando a ficar tensos e impacientes em face do que estou afirmando? Será, então, que é hora de parar de falar e dar ao outro a oportunidade de falar? Será que é hora de mudar de assunto?

Numa relação "Eu-Tu" o diálogo se intensifica, pois há uma interpretação contínua da informação (verbal e não-verbal) que o outro expressa e um ajustamento de nossas acções em função dessa leitura que é feita. Assim, após uma acção, fico atento ao "feedback" que o outro devolve e, em função disso, ajusto minha acção. É um processo contínuo de acção-reflexão-ajustamento. E assim se vai construindo um diálogo com o outro. Assim se vão desenhando pontes de contacto.

Mas nem sempre de rosas são feitos os relacionamentos.
Numa sociedade onde cada um tenta falar mais alto que o outro, onde cada um tenta ser orador permanente, onde cada um "atropela" o outro, é fundamental sermos firmes e saber marcar nosso espaço próprio, nossos limites. E é através dessa marcação de limites que a relação saudável se constrói.

Se eu entro no papel de "bonzinho", de deixar o outro fazer "gato sapato" de mim, estou a contribuir para destruir a relação. É quando marco meus limites, é quando sou forte e corajoso a mostrar quem sou, que me respeito a mim, ao outro e à relação.

Se alguém me fere e eu deixo que isso aconteça sem nada dizer, estou a contribuir para que o outro ache isso natural e volte a repeti-lo. Pelo contrário, mostrar ao outro o que me desagrada e fere, contribui para lhe dar "feedback" (informação) para que possa corrigir suas acções. Estou a ajudá-lo a ele a se relacionar saudavelmente comigo e estou a ajudar-me a mim no sentido de recriar à minha volta um conjunto de factores mais favoráveis à expressão da Vida em toda a sua plenitude.

É através desta troca permanente de informação entre um e outro, que uma relação saudável se cria: uma relação dialogante, com a participação de ambos na afirmação de sua identidade e, a partir dessa base, tentado aceitar suas diferenças, tentando construir consensos, tentando encontrar um caminho conjunto em que ambos se sintam nutridos, alegres e plenos; tentando reencontrarem-se pelas afinidades, pelas empatias, pelo que os une, pelo que os motiva a ambos a avançarem juntos.

Aceitação do que É

Nos dias seguintes a uma sessão de biodança, por vezes surgem momentos em que tendemos a nos auto-avaliar, a nos julgar e, até mesmo, a nos culpabilizar face ao que foi vivenciado. Este processo faz com que entremos num conflito entre aquilo que achamos ser certo (fruto de uma crença ao nível da consciência) e aquilo que é vivenciado. Este conflito processa-se ao nível da consciência e dos planos mentais. E, normalmente, de pouco ajuda a aceitar e a integrar o que se vivenciou.

Assim, uma sugestão para ajudar a aceitar e integrar as vivências é a de deixar fluir a Vida sem entrarmos no campo das análises, interpretações e deduções ao nível da consciência. No fundo, é viver a Vida e deixar que ela nos mostre os caminhos para integrar o que se vivencia. De cabeça levantada, de peito aberto ao mundo e de olhar atento às novas oportunidades de que a Vida sempre nos rodeia, vamos captando novos sinais, vamos nos envolvendo com a Vida (em vez de nos fecharmos a Ela, presos numa encruzilhada de interpretações), vamos olhando para as coisas através de uma outra forma de estar e de sentir (fruto da vivência intensa que trouxemos conosco). Mas estamos Presentes.

É um excelente sinal de aceitação de uma vivência intensa (mesmo que de emoção profunda), quando já não precisamos de nos retirar no mundo, tendo antes a coragem de estar na Vida aceitando qualquer que seja o estado interno que se esteja sentindo.

E depois é ter Fé, é ter Confiança de que a Vida sempre nos reserva trilhos sábios para que as vivências mais intensas se vão integrando em nós. Quando menos esperamos, sempre surgem novas oportunidades que despertam em nós o potencial da aceitação, da integração e da renovação (transmutação do estado anímico de emoção profunda para alegria e paz, por exemplo).

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Quando não usar as estratégias optimistas?

" ...
- Se pretende parecer compreensivo relativamente aos problemas das outras pessoas, não comece por se mostrar optimista. Seja-o apenas depois da confiança e empatia estarem estabelecidas, já que nada é mais doloroso do que tentar que alguém entenda o nosso sofrimento e esse alguém diminuir e minimizar completamente o nosso sentir com frases como «Ah, isso não é nada!»; «Estás a exagerar»; «O assunto não merece tanta preocupação». Mesmo que o optimista tenha a melhor das intenções, quem sofre precisa primeiro de sentir que os outros entendem quanto lhe dói, e só depois estará preparado para iniciar uma viagem pelo continente optimista."

"Educar para o Optimismo" de Helena Águeda Marujo, Luís Miguel Neto e Maria de Fátima Perloiro, Editorial Presença