segunda-feira, abril 03, 2006

Pontos de Reflexão

BioDiversidade

Durante esta última maratona da Escola de Biodanza do Porto, muitos foram os temas abordados. Vários pontos para reflexão foram deixados no ar. Questões que se levantam e que, ao invés de pedirem respostas rápidas e prontas, abrem
espaço para mais questões e para nos fazer reflectir.

Hoje sinto que os paradigmas e crenças estão mudando rapidamente. O que ontem me parecia ser verdade, hoje já deixa de o ser. A velocidade de mudança faz-se também notar ao nível das próprias crenças.

E, especialmente quando entramos em contacto com o diferenciado, com a diversidade, com pessoas que sentem e expressam com autenticidade outros pontos de vista... quando se estabelece esse contacto, tudo começa a se transformar, fruto de uma troca de informação intensa. Troca essa que se baseia numa disponibilidade e entrega de ambas as partes para a partilha de informação e de sabedoria. Havendo vontade, havendo empatia, por muito diferentes que sejam as visões, elas se complementam e se integram, sendo a transformação de ambas maior que a soma das partes.

Deste modo, se realiza a evolução, ou seja, através da expressão da diferença, da vivência dessa diferença e da riqueza que ela trás à humanidade. No contacto com a diferença, nova informação é compartilhada, e novos valores são agregados, enriquecendo o conhecimento e a sabedoria de cada parte em si e do todo.

No entanto, a cultura dominante actual é uma cultura de receio e repulsa face à diferença. É um cultura de modelos uniformes, de padrões sociais estereotipados, uma cultura mecanicista que zela pela pré-progamação do chamado homem civilizado. Daí que a diferença cause estranheza, cause um olhar de desconfiança.

Nesta aculturação uniforme, a dualidade se agudiza, pois se criam noções muito vincadas do que é certo e do que é errado. Os conceitos e as estruturas ficam padronizados pela cultura.
No fundo, quanto mais uniforme e padronizada se torna a cultura, mais discriminação ela exerce e maior a influência da dualidade. Deste ponto de vista, a cultura restringe a evolução. O homem prefere viver num ambiente fechado e limitado, mas conhecido e ilusoriamente seguro. O homem prefere viver castrado numa casa podre, mas que conhece todos os seus cantinhos.

Mas quando o homem tem a força e a coragem de ser autêntico e puro (ou dito de outro modo, de ser selvagem, de sentir a sua verdadeira natureza e agir de acordo com ela), tudo se transforma: ele próprio e o ambiente em redor.

Quando o homem se conecta com a sua força interior (que por sua vez está conectada com as forças naturais e com a pulsação do cosmos), sentindo esses impulsos internos, o peito se abre ao mundo e se expressa por ele mesmo. Nasce o ser autêntico, expressando natural e espontaneamente a sua identidade própria, sem receios do que possam pensar a seu respeito. E na expressão dessa identidade própria, a diferença se mostra de forma peculiar e maravilhosa, e através dela um conjunto de nova informação começa a ser trocado com o meio ambiente. Dessa nova interacção e interrelação, nasce uma evolução vigorosa e plena de sentido.

E ao expressar nossa diferença, proporcionando que a informação original flua naturalmente, não estamos condicionados pelos padrões sociais e culturais. Simplesmente nos expressamos. Simplesmente somos.
Mas se, por um lado, o ser autêntico consegue transcender e estar além dos enredos sociais e culturais que tentam parametrizar e restringir a originalidade da espécie, também, por outro lado, ser autêntico está além do acto rebelde de se afirmar contra a cultura dominante só por simples contradição e antagonismo. Essa identidade é permeável ao "feedback" do meio, ela é auto-regulável e facilmente se ajusta e adapta ao meio ambiente. Ou seja, ela se exprime naturalmente mas também vai incorporando em seu movimento os elementos de informação (as respostas) transmitidos pelo mundo.
Não se trata portanto de afirmar uma identidade individualizada, fruto de uma vontade próprio alheia a todo o resto. Trata-se antes de ser livre de expressar o que se sente, o ser autêntico, e incorporar (integrar) nesse movimento as respostas do meio. Passamos assim a dançar juntos com o mundo e com a vida.

Roda da Transformação

A transformação não é voluntária ou em função do que nós queremos, ela se faz também em interacção com o meio ambiente. Ela se ajusta e adapta em função das necessidades reais do ambiente que nos rodeia. A verdadeira transformação supre uma necessidade nossa e do meio.
Transformarmo-nos para além do que o meio é capaz de assimilar e valorizar (através de uma troca saudável de informação), só porque nós queremos, corremos o risco de essa transformação ser dissociado e não se integrar no meio (acabando por ser repelida, por não ser aceite). Assim, é importante saber dar um passo de cada vez, e caminhar com o sentido que cada passo se realiza e se adapta coerentemente ao que o meio necessita.

Man-Tra

Protecção da mente
Transcender os conceitos, os modelos, a qualificação da energia