quinta-feira, janeiro 12, 2006

Do "Eu" ao "Eu-Tu"

Quando começamos a ficar atentos aos sinais que nossas acções despertam no outro, começamos a entrar numa nova fase de relacionamentos. Começamos a passar de uma relação baseada no "Eu" para o "Eu-Tu".

Por exemplo, quando estamos falando, estamos em permanente atenção a todos os sinais que o outro evidencia. Será que sua expressão facial já está mostrando desinteresse pela conversa? Será que seus músculos estão começando a ficar tensos e impacientes em face do que estou afirmando? Será, então, que é hora de parar de falar e dar ao outro a oportunidade de falar? Será que é hora de mudar de assunto?

Numa relação "Eu-Tu" o diálogo se intensifica, pois há uma interpretação contínua da informação (verbal e não-verbal) que o outro expressa e um ajustamento de nossas acções em função dessa leitura que é feita. Assim, após uma acção, fico atento ao "feedback" que o outro devolve e, em função disso, ajusto minha acção. É um processo contínuo de acção-reflexão-ajustamento. E assim se vai construindo um diálogo com o outro. Assim se vão desenhando pontes de contacto.

Mas nem sempre de rosas são feitos os relacionamentos.
Numa sociedade onde cada um tenta falar mais alto que o outro, onde cada um tenta ser orador permanente, onde cada um "atropela" o outro, é fundamental sermos firmes e saber marcar nosso espaço próprio, nossos limites. E é através dessa marcação de limites que a relação saudável se constrói.

Se eu entro no papel de "bonzinho", de deixar o outro fazer "gato sapato" de mim, estou a contribuir para destruir a relação. É quando marco meus limites, é quando sou forte e corajoso a mostrar quem sou, que me respeito a mim, ao outro e à relação.

Se alguém me fere e eu deixo que isso aconteça sem nada dizer, estou a contribuir para que o outro ache isso natural e volte a repeti-lo. Pelo contrário, mostrar ao outro o que me desagrada e fere, contribui para lhe dar "feedback" (informação) para que possa corrigir suas acções. Estou a ajudá-lo a ele a se relacionar saudavelmente comigo e estou a ajudar-me a mim no sentido de recriar à minha volta um conjunto de factores mais favoráveis à expressão da Vida em toda a sua plenitude.

É através desta troca permanente de informação entre um e outro, que uma relação saudável se cria: uma relação dialogante, com a participação de ambos na afirmação de sua identidade e, a partir dessa base, tentado aceitar suas diferenças, tentando construir consensos, tentando encontrar um caminho conjunto em que ambos se sintam nutridos, alegres e plenos; tentando reencontrarem-se pelas afinidades, pelas empatias, pelo que os une, pelo que os motiva a ambos a avançarem juntos.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O nome disto é amor-próprio.
Respeito por si mesmo.
Ah, quando todos estiverem vivendo desta forma!!!
Que maravilha será!!!
Um abraço deste amigo,

5:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cadê você, amigo,
Estou com saudades de vê-lo na telinha.
Aparece de alguma forma, só pra eu matar a saudade. ok?
Um abraço deste amigo,

2:08 da tarde  

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