segunda-feira, março 13, 2006

Instinto e Auto-regulação

A busca desenfreada do prazer carnal por vezes toca os extremos de uma patologia, de uma doença compulsiva-obecessiva. Ficamos perto de um estado de loucura pouco saudável, em que a mente fica enredada num desejo obcessivo.
Paralelamente, tão louco quanto perseguir obstinadamente uma coisa, é igualmente louco inventarem-se regras e moralismos para reprimir esses impulsos. No fundo, as regras socias ou religiosas de repressão acabam também por se constituir como uma patologia que procura combater e aniquilar outra patologia. Mas combater uma patologia (de loucura obecessiva) contrapondo-se outra patologia (repressora) não produz resultados benéficos.

Por outro lado, as próprias religiões acabaram exagerando em todo o tipo de regras e exageraram a tal ponto que, qualquer impulso sexual (mesmo que saudável e com base no instinto) era visto com "maus olhos". Esta patologia cultural ainda hoje paira como uma nuvem densa e cinzenta na mente de muitas pessoas. Muitos são os que ainda (mesmo que inconscientemente) associam prazer sexual ao pecado. Os tempos de religião e de ditaduras castradoras deixaram marcas profundas nas culturas e nas civilizações ocidentais.

Por isso, fruto de regras sociais e religiosas pesadas (que descanbaram na repressão dos instintos originais da espécie humana), se assiste hoje a muitos casos de neuroses, depressões e outras patologias psiquícas.
Mas, também o pólo oposto, ou seja, todo o movimento rebelde que visa combater a repressão com formas ultra-liberais e até provocativas da cultura patológica dominante, também esse tipo de movimentos se pode tornar patológico. No fundo, acabamos por desvirtuar também o instinto primordial e acabamos por não manifestar nossa identidade fundamental, caindo numa ideologia de contra-cultura, de oposição, num enredo mental que nada tem a haver com aquilo que sentimos sinceramente.

Assim, sinto hoje como essencial resgatar a conexão com os instintos originais da espécie humana, como forma de conexão profunda com a Vida.
E é também importante salientar a forma como o instinto se manifesta, ou seja, de forma espontânea, natural e auto-regulada. Seu propósito é fazer florescer a vida, é manifestá-la de forma exuberante, é fazê-la crescer em todo o seu explendor cósmico.

Ao agirmos de acordo com esse instinto básico, que pulsa com intensidade em nossas células, estamos a agir coerentemente no sentido de expressar Vida, de expressar uma motivação existencial profunda e uma conexão com tudo o que nos rodeia (eu próprio, o outro, a natureza, o planeta em que habitamos e o cosmos). No fundo, toda acção tendo o instinto como força motriz, se revela plena de sentido e nos nutre enquanto Seres Humanos.

Um Ser Humano integrado e coligado com o seu instinto primordial, não caí nos excessos da loucura de uma busca obcessiva do prazer, mas também não caí na neurose da repressão dos impulsos naturais. O instinto se auto-regula por natureza, ele sabe o que é melhor para nós e para Vida. Seguir essa força ancestral (anterior a qualquer cultura ou civilização) é seguir a força da Vida.

Beijo Grande!
Pedro